
Uma pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), revelou que 2 em cada 3 brasileiros defendem a volta da comercialização de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados. O levantamento, feito entre os dias 8 e 11 de abril com entrevistas presenciais em todo o país, mostra que a maioria da população enxerga na medida uma forma de facilitar o o e aumentar a praticidade no dia a dia.
Entre os entrevistados, 73% acreditam que a liberação traria mais comodidade à rotina e 74% afirmam que, com a venda em supermercados, não seria mais necessário manter estoques domésticos de medicamentos. Além disso, 90% dos brasileiros dizem utilizar – ou conhecer alguém que utiliza – MIPs, que incluem remédios para dor de cabeça, febre, azia e gripes.
A pesquisa aponta ainda um forte apoio popular à medida: 64% são favoráveis à venda nos supermercados e 66% gostariam que a comercialização também fosse permitida em mercadinhos de bairro, como ocorreu nos anos de 1994 e 1995, quando os preços chegaram a cair até 35%, segundo a A.C. Nielsen.
Outro dado que chama a atenção é que 88% dos entrevistados acreditam que os donos de farmácia estão mais preocupados com possíveis perdas financeiras do que com o bem-estar da população. Isso representa cerca de 142 milhões de brasileiros com 16 anos ou mais, segundo estimativas do Datafolha.
Audiência pública discute regulamentação no Senado
O debate sobre o tema ganha novo fôlego nesta terça-feira (27) com uma audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal. Representantes da ABRAS, ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores) e ABAAS (Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço) estarão presentes para defender a aprovação do Projeto de Lei 2158/2023, de autoria do senador Efraim Filho (UNIÃO-PB), que regulamenta a venda de MIPs em supermercados com a presença de um farmacêutico responsável técnico.
Segundo a proposta, a venda desses medicamentos será condicionada à supervisão de profissionais qualificados, presencial ou virtualmente. As entidades do setor supermercadista defendem que a presença física de farmacêuticos seja obrigatória, como já acontece nas farmácias.
A medida não altera os requisitos sanitários vigentes, nem flexibiliza a fiscalização. Ao contrário, os supermercados que quiserem vender medicamentos deverão seguir as mesmas normas já exigidas para outros estabelecimentos, incluindo vigilância sanitária e registro junto ao Conselho Regional de Farmácia.
Mais o e economia para o sistema de saúde
Com mais de 420 mil estabelecimentos em todo o país, o setor supermercadista pode ampliar o número de pontos de venda de MIPs para mais de 500 mil locais, especialmente beneficiando os 10% dos municípios brasileiros que contam com uma ou nenhuma farmácia, segundo o IBGE.
Estudos da Indústria Latino-americana de Cuidado Responsável (ILAR) apontam que até 68% dos gastos públicos com doenças comuns poderiam ser reduzidos com o uso responsável de MIPs. Já a Fundação Instituto de istração (FIA) estima que, para cada R$ 1 investido em MIPs, o SUS pode economizar até R$ 7.
A venda de medicamentos sem receita em supermercados é uma prática comum em países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Japão, Austrália e Portugal, onde rigorosas regras sanitárias são combinadas com liberdade de escolha e o facilitado para os consumidores.
Fonte Abraas