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quinta, 22 de maio de 2025
História

Faber Castell completa 95 anos de atividades em São Carlos

Maior fabricante mundial de lápis, empresa nasceu da aquisição da fábrica de lápis H. Fehr, que era comandada em São Carlos por um suíço e um dinamarquês no início do Século XX

22 Mai 2025 - 14h06Por Marco Rogério
Prédio da fábrica Lápis Johann Faber, c.1940; Fritz Johansen, diretor da Fábrica de Lápis Johann Faber, c.1940; vista aérea da fabrica Johann Faber, c.1950; e funcionarios da fábrica de lápis Johann Faber, c.1980. Acervo APH-FPMSC - Crédito: reproduçãoPrédio da fábrica Lápis Johann Faber, c.1940; Fritz Johansen, diretor da Fábrica de Lápis Johann Faber, c.1940; vista aérea da fabrica Johann Faber, c.1950; e funcionarios da fábrica de lápis Johann Faber, c.1980. Acervo APH-FPMSC - Crédito: reprodução

Há exatamente 95 anos, no dia 22 de maio de 1930, foi feito o anúncio de uma fábrica de lápis no Brasil pela empresa alemã Johann Faber. Com isso, o imigrante suiço Germano Fehr (1864-1943) e os outros sócios da fábrica de lápis H. Fehr de São Carlos abriram mão do controle acionário e se acionaram à Johann Faber, dando origem à Lápis Johann Faber, atual Faber Castell. Hoje, a empresa gera mais de 1.000 empregos e atua nas áreas de material escolar e cosméticos. 

A fabricação do lápis foi uma iniciativa de Germano Fehr e seu cunhado, o dinamarquês Fritz Johannsen, que desenhou e reproduziu máquinas europeias. A empresa chamava-se Lápis H. Fehr Ltda. Foi a primeira fábrica de lápis da América Latina e começou a produzir em 1926, com cerca de 60 operários. 

A iniciativa de Fehr e Johannsen fazia parte de um processo de surgimento de pequenas indústrias comandadas por imigrantes europeus que chegaram a São Carlos vindo de vários países. 
Fehr era um empresário polivalente: fabricou móveis, foi empreiteiro da construção civil, desde pequenas a grandes obras. Foi comerciante de veículos Ford e pioneiro na indústria têxtil.
“Em 1925, convenceu seu cunhado (em primeiras núpcias) Fritz Johannsen a realizar uma viagem a Alemanha com a finalidade de estudar o processo da fabricação do lápis. Johannsen, habilidoso mecânico dinamarquês empregado na fábrica de móveis de Fehr, visitou várias empresas produtoras de lápis em seu país de origem, desenhou as principais máquinas e conseguiu reproduzi-las aqui em São Carlos. Em 1926, entra em operação a primeira fábrica de lápis de toda a América Latina, empregando aproximadamente 60 operários. Quatro anos mais tarde, em virtude da Johann Faber (a maior exportadora de lápis, na época) ameaçar instalar uma fábrica aqui, Fehr e seus sócios abrem mão do controle acionário da empresa e se associam à empresa alemã”, relata o escritor Oswaldo Truzzi, no livro Café e Indústria: São Carlos – 1850-1950).  Há mais de 80 anos, a cidade já à frente do tempo, antecipava elementos da espionagem industrial.

ESTRUTURA ESPECIAL PARA A INDUSTRIALIZAÇÃO - São Carlos já tinha, no início do Século XX, os requisitos básicos para sua implementação e desenvolvimento. Surgem, então, as indústrias tocadas por pioneiros de diferentes sotaques: italianos, espanhóis, alemães, austríacos, suíços e portugueses.
A ferrovia (1884) e a imigração europeia foram, sem dúvida, fatores determinantes para o surgimento da indústria. O transporte ferroviário, mais rápido e seguro, permitiu o escoamento da produção local. Por outro lado, os imigrantes eram mais preparados para as atividades profissionais urbanas: o comércio e a indústria.

TRÊS FASES DA INDÚSTRIA - A história da indústria de São Carlos pode ser dividida em três períodos bastante diferentes, mas cumulativos. Na fase inaugural ela é, sobretudo, artesanal, caseira e incipiente, destinada ao consumo local. Num segundo momento e em especial com a chegada da ferrovia, a indústria ganha força e atinge novos patamares. O setor metal-mecânico surgiu e se firmou após a Segunda Guerra Mundial, com o surgimento da Clímax (que fabricava geladeiras) e da CBT (que produzia tratores). 
A geladeira e o trator foram adaptados de similares já existentes nos Estados Unidos. Já nessa época a indústria têxtil, toalhas e tapetes ocupavam um importante lugar no parque fabril de São Carlos.
Depois disso, a terceira onde industrial surgiu a partir da soma da tecnologia e conhecimento gerado na USP e na UFSCar ao processo industrial, política econômica que teve forte apoio nas incubadoras de empresas do ParqTec e do CEDIN, a partir dos anos 1980. 

NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS E SHOPPING IGUATEMI -  Em 1994, o grupo empresarial Faber-Castell criou a Faber-Castell - Projetos Imobiliários. Desse empreendimento é que surgiram em suas propriedades loteamentos residenciais de alto padrão e o Shopping Center Iguatemi, que provocou uma revolução nas atividades comerciais da cidade, obrigando toda a concorrência a oferecer novos atrativos ao consumidor. 

MAIOR FABRICANTE MUNDIAL - Na edição da revista Veja do dia 23 de julho de 2008, a revista VEJA publicou na reportagem intitulada “As cidades que são número 1” e destacou “A maior fabricante mundial de lápis - No país que mais fabrica lápis, São Carlos na região central do Estado de São Paulo, se destaca; a cidade é responsável por 40% da produção nacional, com 1.8 bilhões de unidades por ano. Desse total 50% são exportados para mais de setenta países e o restante abastece o mercado local.”
O lápis está ligado à história da escrita, as mais antigas: os hieróglifos e a cuneiforme foram criados há mais de 5000 anos no Egito Antigo e na Mesopotâmia, onde hoje é o Iraque.
Os ingleses foram os pioneiros no uso de lápis a partir da descoberta de uma mina de grafite em Borrowdale (1564). Por muito tempo, dominaram a produção de lápis. Na Alemanha, Kaspar Faber deu início à produção de lápis (1761).
Uma outra matéria da revista VEJA, publicada na Edição 2025, de 12 de setembro de 2007, revela que, para provar que seus lápis são os melhores do mundo, o conde Anton Wolfgang von Faber-Castell convidou quinze jornalistas ao castelo de sua família, em Stein, na Alemanha, para serem testemunhas de um teste de resistência. 
Do topo de uma das torres, a 30 metros de altura, o Conde atirou 144 lápis. Nenhum se quebrou. "Nem a internet é capaz de eliminá-los", festejou o Conde, confiante na invencibilidade dos lápis. O ório de escrita mais usado no mundo é também o mais barato. Um único lápis pode escrever cerca de 80 quilômetros. Seu e técnico é um simples apontador. Você pode deixá-lo de lado por 100 anos e ele ainda escreverá. 
O Conde citava que existe um enorme número de escritores, pensadores, arquitetos e músicos que não se desvencilham do lápis, mesmo tendo à disposição a mais alta tecnologia. No caso deles, o lápis os ajuda a formular as primeiras ideias – seja o desenho de um carro, seja o esboço de uma pintura. Além disso, o lápis tem seu papel na era da eletrônica. 
“Você será capaz de usar o computador melhor no futuro se na infância desenvolveu suas habilidades mentais com a ajuda dos lápis”, comentou, coberto de razão. 
 

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