
A Justiça do Trabalho realiza, no dia 2 de julho, a partir das 10h30, pelo endereço eletrônico http://www.gilsonleiloes.com.br o leilão do imóvel da antiga Tecelagem São Carlos (Toalhas São Carlos). O imóvel tem a matrícula 119.500 do CRI de São Carlos e está registrada no - 1o Cartório. O edital foi marcado no dia 22 de maio de 2025 pela juiz titular do Trabalho, Ana Flávia de Moraes Garcia Cuesta. A penhora é resultado do processo 0001372 95.2012.5.15.0106, da 2ª Vara do Trabalho de São Carlos
O imóvel tem o valor estimado de R$ 12.573.576,46. O valor mínimo estipulado para o lance durante o leilão, será de R$ 7.544.145,88. A penhora foi realizada em 28 de setembro de 2021 e a avaliação ocorreu em 18 de fevereiro de 2025.
O imóvel da Tecelagem São Carlos S/A, CNPJ: 59.596.395/0001-80 tem área construída de 4.037,40 m², pois trata-se de um imóvel com terreno de medidas irregulares, com algumas edificações que utilizam a mesma parede divisória de outras construções do complexo industrial da executada, podendo, contudo, ser desmembrado deste, visto possuir o independente à via pública.
Segundo informações obtidas com exclusividade pelo SÃO CARLOS AGORA, vários ex-trabalhadores da Toalhas São Carlos aguardam o leilão com ansiedade para receber seus direitos trabalhistas não pagos quando a empresa paralisou definitivamente a produção. Há cerca de cinco anos.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL - Em outubro de 2010, a Toalhas São Carlos, especializada na fabricação de roupas de banho com sede em São Carlos, entrou com pedido de recuperação judicial na 2ª Vara Cível da cidade por causa do déficit gerado pelo acúmulo de dívidas com bancos e fornecedores.
Por causa da situação da empresa, a direção iniciou, ainda naquele ano um processo de demissão em massa, que atingiu 172 funcionários que atuavam em diversas funções. A demissão encerrou as atividades do terceiro turno e gerou insegurança nos outros 368 funcionários que restaram.
Entre os bancos credores da Toalhas São Carlos estavam o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco do Brasil, Itaú, Santander, entre outros. Já os fornecedores são basicamente cooperativas de algodão e empresas que prestam serviços durante o processo de produção.
O acúmulo de dívidas foi gerado após a empresa perder espaço no mercado internacional por causa dos efeitos da crise financeira mundial deflagrada em 2008, agravados pela concorrência de produtos de países asiáticos, como China e Índia.
Da produção anual da empresa, cerca de 30% tinham como destino o mercado exterior. Em 2009, esse número caiu para 7,9%. Em 2011, a produção da Toalhas São Carlos girava em torno de 3.400 toneladas de toalhas, roupões e toalhas de chão.
Apesar do faturamento bruto da empresa ter crescido 37% entre 2005 e 2009, segundo dados informados, os resultados não foram suficientes para cobrir as dívidas. Em 2009, a empresa fechou com faturamento de R$ 75,4 milhões.
No dia 14 de dezembro de 2010, dois meses depois do pedido de recuperação judicial, o empresário Eduardo Abdelnur, de 46 anos, que era um dos proprietários da Toalhas São Carlos e seu diretor de comércio exterior e seu maior gestor, foi encontrado morto com um tiro no peito hoje em sua sala na empresa. Familiares e amigos disseram, à época, que Eduardo Abdelnur, estava inconformado com a situação financeira da empresa.
HISTÓRIA - A fábrica, fundada em 19464 pelo patriarca da família, o libanês Miguel Abdelnur, era uma das mais conceituadas fabricantes de toalhas de banho do País. A empresa foi atingida pela queda nas exportações, em razão da concorrência com produtos chineses, e pela desvalorização do dólar frente ao real.
O empresário cumpriu papel fundamental na articulação de políticas para o desenvolvimento das empresas de São Carlos e região, ocupando o cargo de diretor do Departamento de Ação Regional da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Sem seu maior executivo, a empresa foi definhando até ser desativada.
NOVA CRISE - O processo da recuperação judicial foi encerrado em janeiro de 2018. Em abril daquele ano a Toalhas São Carlos, demitiu mais 75 funcionários, o que representava 30% da força de trabalho da indústria, que contava com 250 empregados. O motivo foi uma readequação do quadro de funcionários devido a uma queda de produção de 20%, no ano ado.
Segundo o sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem, os problemas financeiros continuaram e muitos funcionários ficavam em casa. Ele eram chamados, iam até a empresa e trabalhavam até acabar a matéria prima e depois voltavam a ficar em casa, mas os salários eram pagos.