
Entrevistado: Thales Eduardo Quadros Bastos
Muitas vezes, quando digo que trabalho com desenvolvimento de software, a reação imediata é uma mistura de iração e mistério. As pessoas imaginam uma espécie de alquimia tecnológica, onde linhas de código se transformam magicamente em aplicativos brilhantes, plataformas robustas ou sites com animações dinâmicas. E, de certa forma, essa visão não está totalmente errada, mas está longe de ser completa.
A realidade por trás do desenvolvimento de software é bem diferente do que se costuma idealizar. Muito mais do que programar, desenvolver software é resolver problemas. É ouvir, entender, planejar, testar, errar, corrigir, ajustar. É, em essência, uma atividade profundamente humana, mesmo que os meios sejam digitais.
Existe uma imagem quase romântica do desenvolvedor como alguém que escreve código do nada e transforma ideias em realidade de forma instantânea. Mas, na prática, lidamos com ambiguidade, decisões difíceis e um ciclo constante de tentativa e erro. Muitas vezes, amos mais tempo pensando e investigando do que digitando, e é justamente nesse processo invisível que o valor do software nasce.
Só depois disso é que começamos a pensar em como traduzir essa ideia para uma linguagem que o computador entenda. Aqui entra o desafio de transformar um conceito , que muitas vezes é abstrato, em uma arquitetura de software. Isso inclui decidir quais tecnologias usar, quais componentes precisam existir, como será o fluxo da aplicação e como os dados vão transitar entre as partes. É um trabalho de engenharia, mas também de criatividade e bom senso.
A partir daí, o desenvolvimento consiste na aplicação dos princípios de programação: algumas vezes orientação a objetos, outras programação orientada a eventos, mas as boas práticas como teste de software e a escrita de código organizado e legível não podem faltar. Não se trata apenas de fazer funcionar, mas de fazer bem feito. Escrever código limpo, reutilizável e escalável é o que garante que o sistema sobreviva ao tempo, ao crescimento e às mudanças inevitáveis de requisitos.
Software no nosso cotidiano
Vivemos cercados por software. Ele está no celular que usamos para acordar, no aplicativo que pedimos o café, no sistema que registra nossa presença no trabalho, no banco, na farmácia, nos semáforos, nas redes sociais, nas compras, nas conversas. Está até nos bastidores: em sensores, algoritmos, servidores e sistemas que nem vemos, mas que garantem que tudo funcione. O software está, literalmente, em toda parte.
Apesar disso, muita gente ainda enxerga o software como algo distante, ou seja, uma “coisa de computador”, algo técnico, exclusivo de quem entende “de TI”. E é curioso pensar nisso, porque mesmo quem nunca escreveu uma linha de código, muitas vezes depende profundamente dele para concluir algumas tarefas básicas de sua rotina. O software não é só uma ferramenta, pois ele molda comportamentos, automatiza processos e transforma interações.
É curioso enxergar o software como infraestrutura invisível, assim como a eletricidade. Em geral, as pessoas só percebem quando ocorre alguma falha. Quando um app não carrega, quando um site está fora do ar, quando o caixa eletrônico trava. A verdade é que o software moderno é fruto de muito trabalho, testes, decisões, e cada clique que parece simples por trás tem uma série de camadas de lógica, arquitetura e responsabilidade. Isso é extremamente interessante, porque vivemos cercados por ideias abstratas que acabam sendo concretizadas muitas vezes em sistemas embarcados, aplicações web, aplicativos de celular, dentre outros.
Conclusão
Dessa forma, mais do que uma ferramenta, o software é um processo vivo feito de ideias, pessoas e propósitos. Ao compreendermos melhor suas etapas e reconhecermos sua presença no nosso cotidiano, amos a enxergar a tecnologia não como algo distante, mas como parte da nossa própria construção social e lógica. Afinal, todo software nasce de uma necessidade humana, sendo que é para ela que ele deve sempre voltar.
Descrição de minhas atividades
Sou formado em Bacharelado em Física pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e atualmente trabalho em uma startup associada ao Laboratório de Inovações Optronicas para Oftalmologia e Agricultura (LIOOA) fundado pelo professor Dr. Jarbas Caiado de Castro Neto, junto ao Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – INCT – IFSC -USP que é atualmente coordenado pelo professor Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, e atuo em diversas frentes associadas à tecnologia. A OptikAI, empresa onde trabalho atualmente, fundada por um ex-aluno do IFSC, Bruno Pereira Oliveira, possui objetivo de integrar soluções de inteligência artificial com a validação da qualidade e espécie de grãos de café verde. A respeito das minhas responsabilidades, faço parte do time de desenvolvimento web fullstack, provisionamento de serviços e infraestruturas no time de DevOps, integrações em sistemas de API’s, automação e comunicação com placas de controle, desenvolvimento de interfaces gráficas com frameworks variados, manutenção de servidores, além de também atuar na implementação e arquitetação de soluções Cloud na AWS.
Fontes: Thales Eduardo Quadros Bastos - Físico e Engenheiro de Software/DevOps - Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – INCT – IFSC – USP - Laboratório de Inovações Optronicas para Oftalmologia e Agricultura (LIOOA); Prof. Dr. Jarbas Caiado de Castro Neto – Coordenador do Laboratório de Inovações Optronicas para Oftalmologia e Agricultura (LIOOA) – CEPOF – IFSC – USP – Grupo de Óptica; Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato – Coordenador Geral do CEPOF – INCT – IFSC – USP – Grupo de Óptica; Me. Kleber Jorge Savio Chicrala – Jornalismo Científico e Difusão Científica – CEPOF – INCT – IFSC – USP – Grupo de Óptica
Thales Eduardo Quadros Bastos
Físico e Engenheiro de Software/DevOps
Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – INCT – IFSC - USP
Laboratório de Inovações Optronicas para Oftalmologia e Agricultura (LIOOA)