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sábado, 07 de junho de 2025
Saúde

Nutricionista explica sobre transtornos alimentares

Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares é lembrado nesta segunda-feira (02/06)

02 Jun 2025 - 20h48Por Jessica C R
Imagem Ilustrativa - Imagem Ilustrativa -
Estima-se que mais de 70 milhões de pessoas sejam afetadas por um transtorno alimentar, incluindo anorexia, bulimia, transtorno de compulsão alimentar, dentre outros. Esses transtornos têm a maior taxa de mortalidade de qualquer doença psiquiátrica, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
 
Confira mais sobre o tema com a nutricionista do Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar), Elaine Gomes da Silva. O HU-UFSCar, istrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realiza eventualmente atendimento de pacientes com transtorno alimentar, por meio do Ambulatório de Nutrição, com auxílio da psiquiatria e de médicos clínicos e envolve, além dos profissionais, docentes da UFSCar, estudantes e residentes médicos e multiprofissionais. Além dos casos graves, através da internação, em decorrência dos transtornos alimentares.
 
Quais transtornos alimentares são mais comuns?
Transtornos alimentares consistem em alterações graves de comportamento alimentar que se caracterizam por alterações no modo como as pessoas se alimentam. Este comportamento tem o objetivo de perda de peso, imagem corporal e prática de atividade física. Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia nervosa , a bulimia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) . Além desses, também observamos com frequência o transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE) , mais prevalente em crianças e adolescentes, e outros quadros como o purgativo sem compulsão , a ortorexia entre outros comportamentos alimentares desadaptativos. Cada uma dessas apresenta manifestações clínicas específicas, mas todas se caracterizam por um sofrimento psíquico e prejuízo funcional.
 
Quais tipos de transtornos alimentares levam a quadros mais graves?
A anorexia nervosa é considerada o transtorno alimentar com maior risco de complicações graves, incluindo desnutrição grave, distúrbios hidroeletrolíticos e cardiovasculares, além de apresentar uma das maiores taxas de mortalidade entre os transtornos psiquiátricos. Em muitos casos, a internação hospitalar é necessária para manejo clínico intensivo e reabilitação nutricional.
 
A bulimia nervosa está associada a vômitos autoinduzidos, frequentes ou uso periódico de laxantes e diuréticos, também pode exigir internação devido a complicações metabólicas, como hipocalemia grave.
Já o transtorno de compulsão alimentar periódica tende a apresentar gravidade clínica em função das comorbidades associadas, como obesidade grave, diabetes tipo 2 e depressão, podendo exigir internação em alguns casos específicos.
A vigorexia, também chamada de transtorno dismórfico muscular, é uma condição psicopatológica caracterizada por uma preocupação obsessiva com a aparência física, especialmente com o tamanho e definição muscular. Indivíduos com esse transtorno tendem a se ver como pequenos ou insuficientemente musculosos, mesmo quando possuem uma musculatura bem desenvolvida. Trata-se de um subtipo de transtorno dismórfico corporal (TDC), descrito no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
 
No caso de internação, como é feito esse acolhimento?
O acolhimento em internação para transtornos alimentares deve ser feito em ambiente especializado, com protocolos estruturados para e clínico, nutricional e psicossocial. O objetivo principal é garantir a segurança clínica , estabilizar o estado nutricional e iniciar intervenções terapêuticas intensivas.
O processo inclui:
  • Monitoramento constante da segurança do paciente, sinais específicos, exames laboratoriais e peso corporal.
  • Plano alimentar progressivo , elaborado por nutricionista especializado, respeitando a tolerância fisiológica, risco de síndrome de realimentação, dentre outras alterações clínicas
  • Psicoterapia individual e em grupo , voltada para motivação à mudança e enfrentamento dos sintomas.
  • Acompanhamento psiquiátrico para avaliação e manejo de comorbidades como depressão, ansiedade e risco suicida.
  • Acompanhamento clínico para avaliação e manejo das alterações clínicas, distúrbios hidroeletrolíticos comuns nestas condições.
  • Apoio familiar e planejamento da alta com estratégias de continuidade do cuidado ambulatorial.
A internação deve ser entendida como um recurso terapêutico temporário dentro de um plano de cuidado longitudinal, não como um fim.
 
Existe tratamento eficaz para transtornos alimentares?
Sim, existem tratamentos terapêuticos para os transtornos alimentares, baseados em uma abordagem multiprofissional. O acompanhamento psicológico é essencial, com destaque para a psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC), que tem forte evidência na redução dos sintomas alimentares e na melhoria do funcionamento global.
 
Além do psicólogo, a equipe deve incluir nutricionista, psiquiatra, médico clínico, e quando necessário, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais. O nutricionista atua no manejo nutricional individualizado, respeitando o estágio do transtorno, promovendo a reeducação alimentar e contribuindo para a normalização do comportamento alimentar.
A família também é parte central do processo terapêutico, especialmente em adolescentes.

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